segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Rolling Stones (1960-1970)

  Tudo começou em 1960, quando os dois amigos de infância, Mick e Keith, se reencontraram em um trem na estação de Dartford, Inglaterra, e descobriram um interesse em comum por blues e rock and roll. Foram convidados pelo guitarrista Brian Jones em 1962 a montar a definitiva banda de R&B branca, que se chamaria The Rolling Stones, inspirado no nome de uma canção de Muddy Waters, Rollin' Stone, cujo nome foi utilizado oficialmente, pela primeira vez, em sua apresentação no Marquee Club de Londres em 12 de julho de 1962.
  O pianista Ian Stewart, amigo de Brian, seria o co-fundador da banda, mas porque sua imagem pessoal não tinha o devido sex-appeal, ele seria rebaixado a gerente de palco, com direito a gravar com a banda mas não de posar como membro. Bill Wyman, que embora já vivesse da noite há muito mais tempo que os demais, seria acrescentado à banda por um motivo fútil: possuía mais de um amplificador. Em janeiro de 1963, Charlie Watts assumiria definitivamente a bateria. A boa repercussão nas apresentações ao vivo somadas à habilidade promocional de seu empresário, levou a banda a um contrato com a Decca Records (então a piada do ano por ter recusado um contrato com os Beatles). Seu empresário promove a banda com uma imagem de rebeldes e cria a pergunta: Você deixaria sua filha se casar com um Rolling Stone?
  Os primeiros singles, um cover de uma canção de Chuck Berry e Muddy Waters de cada lado, Come On/I Want To Be Loved, e uma gravação para uma composição da dupla John Lennon e Paul McCartney, I Wanna Be Your Man, foram bem aceitos. O primeiro álbum, chamado simplesmente The Rolling Stones, saiu em abril de 1964, contendo apenas uma composição de Jagger e Richards. Apenas com Tell Me (You're Coming Back), lançado em junho de 1964, é que uma composição da dupla seria lançada como lado A de um compacto. A partir daí, pouco a pouco o material próprio começou a ser valorizado, tendo em Out Of Our Heads, de 1965, o primeiro de uma série de discos basicamente de composições da dupla Jagger-Richards. É nesse ano que a banda lança seu maior hit em todos os tempos, (I Can't Get No) Satisfaction.
  Com o álbum Aftermath, de 1966, a banda começaria uma fase de músicas mais longas e de arranjos mais elaborados. O flerte com o rock psicodélico e experimental teria seu ápice em Their Satanic Majesties Request, de 1967. Com Beggar's Banquet (1968) haveria a volta ao estilo mais próximo ao R&B que os fizeram famosos. São desta época dois dos maiores hits da banda, Jumpin' Jack Flash, que só saiu como compacto e a controversa Sympathy For The Devil - que Mick disse ter se inspirado em uma visita a um centro de candomblé na Bahia - música responsável pela maior parte das acusações de satanismo que a banda iria sofrer desde então.
  Em 1969 Brian Jones oficialmente abandona os Stones, sendo substituído por Mick Taylor (que havia tocado com o John Mayall's Bluesbreakers). Poucos dias depois de sua saída, Brian Jones seria encontrado morto afogado na piscina de sua casa em Sussex, em circunstâncias até hoje pouco esclarecidas. Existem duas versões: que ele se afogou sob influência de drogas e álcool, ou que ele foi afogado propositalmente por um dos empreteiros contratados para fazer obras na propriedade. Entretanto, em 1993, um empreteiro conhecido como Frank, assumiu em seu leito de morte ter assassinado Brian Jones através de afogamento. Embora houvesse sido planejado muito tempo antes, dias depois a banda realizou um concerto memorável no Hyde Park, em Londres, diante de um público de 300 mil pessoas, que acabou tendo um significado especial além da apresentação do pouco conhecido novo guitarrista, Mick Taylor. O show aconteceu num palco decorado com uma enorme foto colorida e estourada de Jones. Jagger, vestido de branco, interrompeu a apresentação para ler uma passagem do poema Adonais de Percy Bysshe Shelley, em memória do amigo problemático. Enquanto mais de 3.000 borboletas brancas eram soltas do palco para a platéia emocionada. Os Stones pareciam ter chegado ao fim de uma era. Sem imaginar que a próxima tragédia estava bem próxima.
  Em 6 de dezembro de 1969, o grupo chegou a Altamont, na Califórnia, para uma grande apresentação ao ar livre - com uma platéia pelo menos duas vezes maior do que a do Hyde Park. Bem antes dos Stones subirem no palco já havia problemas. A segurança do espetáculo estava sob a responsabilidade de um bando de Hell`s Angels de São Francisco, uma gangue de motoqueiros grossos e arrogantes que não sentiam nada a não ser desprezo pela multidão de mais de 500 mil hippies. Qualquer um que tentasse subir no palco era agredido e escorraçado de volta para a platéia por Angels que portavam tacos de sinuca. Durante a apresentação da banda Jefferson Airplane, que antecedeu a atração principal, fãs estavam sendo carregados para as cabanas da Cruz Vermelha em maior quantidade do que os médicos de plantão podiam dar conta. Quando os Rolling Stones finalmente foram se apresentar, a multidão ficou histérica, e os Hell`s Angels reagiram ficando ainda mais selvagens. Durante a execução de Under My Thumb no momento em que Mick finalizava a canção, um jovem hippie Meredith Hunter negro,ataca os seguranças (hells angels) que desde muito antes tratavam o público com hostilidade e violência, em contrapartida, um hell angel apunhala o jovem pelas costas, matando-o . Os Stones tinham noção de que alguma coisa havia acontecido, embora do palco fosse difícil dizer exatamente o quê. No dia seguinte é que os Rolling Stones descobriram que quatro pessoas (incluindo Meredith Hunter) haviam morrido naquele dia. Há versões de que Meredith foi agredido pelos Hell`s Angels por estar acompanhado de uma linda loira, mas ele estava armado com um revolver e o assassino, Alan Passaro, foi julgado alguns anos depois e inocentado por legítima defesa. O que aconteceu naquele dia fatídico está registrado no filme Gimme Shelter, de 1970. Ainda em 1969 os Stones lançaram Let It Bleed (título geralmente visto como sátira a Let It Be, dos Beatles, disco que de fato só seria lançado seis meses depois). Em 1970 sai Get Your Ya-Ya's Out, o primeiro disco ao vivo, com estéreo autêntico e alta fidelidade, gravado de sua apresentação no Madison Square Garden, em Nova York.

Tudo Passa - (John Lennon e Yoko Ono)

  John e Yoko se casaram oito dias depois de Paul e Linda, e escolheram Gibraltar para ser o local onde eles poderiam realizar a cerimônia imediatamente, no Consulado Britânico. Depois de passarem a lua de mel em Paris, os recém-casados se instalaram no quarto 902 do Amsterdam Hilton, onde ficaram na cama durante dez dias, em nome da paz mundial, obtendo uma publicidade exacerbada. Em 1970, o último álbum da banda foi lançado. Let It Be fora gravado com base no material do documentário Get Back, mas Phil Spector remixou o produto final, eliminando o som cru que o disco supostamente deveria ostentar, para decepção de Paul. Nesse mesmo ano, saiu nos Estados Unidos Hey Jude, a última coletânea da banda lançada antes do anúncio da separação, que trazia as faixas do último single a chegar ao topo das paradas, "The Ballad Of John And Yoko". Ao longo do ano, todos os quatro membros da banda investiram em projeto solo. John estava imerso em seu trabalho com Yoko, Ringo já havia começado a gravar seu disco solo, Sentimental Journey, Paul estava trabalhando em seu álbum McCartney e George colocou uma vasta coleção de canções rejeitada pelos Beatles ao longo dos anos em seu memorável álbum triplo All Things Must Pass. O final da banda veio quando Paul anunciou para a mídia que estava planejando deixar a banda. Em agosto, Paul confirmou que os Beatles jamais iriam trabalhar juntos novamente e, na virada de 1970 para 1971, ele registrou uma petição na Suprema Corte de Londres para dissolver a parceria. A banda havia finalmente chegado ao fim de uma estrada longa e sinuosa.

sábado, 22 de janeiro de 2011

The Beatles

  Se o verdadeiro atestado de longevidade de um artista é a quantidade de nomes que ele inspira, os Beatles continuam tão vivos como se ainda estivessem produzindo suas obras geniais em plena década de 1960. Todos aqueles que vieram depois fracassaram na tentativa de imitá-los. Melhor se deu quem se aproveitou da autoria das mais de 200 canções de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr e diluiu-as na cultura pop produzida nos séculos 20 e 21 com pitadas de genialidades em acordes, arranjos e melodias. São inúmeros os livros publicados sobre a banda, filmes e documentários levados ao cinema, além de referências em músicas, poesias, literatura, artes visuais, e até em videogames como o lançamento do Rock Band Beatles, durante os últimos cinquenta anos.
  Capitaneada pela cabeça bipolar de John Lennon e Paul McCartney, o grupo imprimiu sua marca adolescente no início da década de 1960, amadureceu com o psicodélico e as drogas com obras como Rubber Soul (1965), Revolver (1966) e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967) e encontrou a elegância sem perder a atitude em sua apoteose com os clássicos Abbey Road (1969) e Let it Be (1970).
  Mais do que acompanhar a evolução espantosa, tanto musicalmente como no quisito estético, jogar a luz sobre a obra dos Beatles é desnudar a relação entre John e Paul. Trazer para a superfície as brigas, os conflitos internos e as dicotomias que cada gesto e reação representava é entender um pouco da montanha-russa que o grupo vivenciou durante sua curta e explosiva carreira.